As origens: por que o Linux foi sequer pensado?
Em 1991, com relação aos sistemas operacionais, você tinha poucas escolhas. O DOS exercia sua soberania absoluta com relação aos computadores pessoais, até por uma questão de falta de escolha. Por mais que os Macs existissem seus preços eram astronômicos, fato que tornava quase impossível a aquisição de um deles para um usuário final.
Além deles, havia o Unix que certamente era ainda mais caro do que um Mac e adotado quase exclusivamente por grandes empresas. Nessa altura, o código do Unix, que uma vez foi utilizado como material de estudo em universidades, já se encontrava proprietário e não mais para conhecimento público.
Nesse clima, um professor holandês chamado Andrew S. Tanenbaum criou um sistema operacional baseado no Unix, o Minix. Montado para funcionar com a linha de processadores Intel 8086. Como primariamente, o Minix tinha objetivos acadêmicos (o ensino do funcionamento de um SO em universidades), ele estava longe de resolver todos os problemas de um usuário final, porém seu código-fonte era disponibilizado por Tanenbaum.
Nesse ponto da história, o estudante Linus Torvalds, frustrado com as carências do Minix começou a idealizar como seria bom ter um SO que, além de gratuito, pudesse efetuar tarefas como emulação de terminal e transferência e armazenamento de arquivos. Então, em 25 de agosto de 1991, Linus anunciou por meio de um email na Usenet (a Unix User Network) que estava desenvolvendo um sistema operacional.
O famoso email relata que ele estava criando um sistema operacional desde abril do mesmo ano, porém que não intencionava torná-lo uma coisa realmente grande e profissional como o GNU (SO de código aberto baseado no Unix), sendo mais um hobby. Ele pedia sugestões e críticas porém dizia que talvez sequer chegasse a implementá-lo de fato.
Linus pretendia chamar sua criação de “Freax”, porém trocou para Linux ao aceitar esta sugestão de um de seus amigos.
Na mesma época (1991), estudantes do mundo todo que se interessavam por informática, e compartilhavam os ideais de que os programas deveriam ser livres para o uso e melhoria por todos, foram inspirados por Richard Stallman e seu projeto GNU (acrônimo recursivo para GNU is not Unix). O projeto de Stallman, em poucas palavras, era um movimento que visava a fornecer software livre com qualidade.
Ainda neste ano, o projeto GNU havia criado uma série de ferramentas úteis para programadores e estudantes, porém seu sistema operacional propriamente dito ainda precisava de um kernel. Este núcleo, batizado de GNU HURD ainda estava em fase de criação e seu lançamento previsto para alguns anos.
Foi então que Linus libertou a primeira versão de seu sistema, o Linux versão 0.01 em setembro de 1991. Ao contrário do que muitos devem estar pensando, Linus recebeu críticas pesadas de grandes nomes da computação na época, como Tanenbaum, que inclusive citou que se Linus fosse seu aluno não receberia uma boa nota por aquele sistema tão mal arquitetado.
Entretanto, Linus continuou seu trabalho e agora contava com um grande número de colaboradores interessados para auxiliá-lo. Em um próximo passo e utilizando uma ampla gama das ferramentas do GNU (inclusive o próprio sistema de Stallman), o Linux iniciou sua ascensão, licenciado pela GPL (GNU Public License), para garantir que continuasse livre para cópia, estudo e alteração.
Com isso, não demorou para que algumas empresas como Red Hat e Caldera compilassem versões do programa (com fins comerciais) e fizessem alterações para deixá-lo mais parecido com o que os usuários estavam acostumados. Entretanto, programadores voluntários mantiveram distribuições gratuitas, como a famosa Debian.
Então, já contando com uma interface gráfica e uma série de melhorias ocorrendo em paralelo, as distribuições do Linux começaram a tornar-se cada vez mais populares entre os usuários.
De um hobby para um sistema poderoso: quase duas décadas de Linux
Ainda hoje ele continua sendo um dos sistemas operacionais com o crescimento mais rápido da história. Sem dúvidas, o melhor aspecto deste sistema é que sempre que um novo hardware é criado, há um programador disposto a adaptar o Linux para oferecer compatibilidade.
Com o aumento do suporte para o SO, grandes empresas perderam o receio e passaram a utilizar o Linux em suas máquina. Da mesma forma, com as interfaces gráficas, diversos usuários passaram a adotá-lo por tratar-se de um sistema de qualidade e gratuito.